Lâmpada e Luz

Lamp and Light 
By Paulo Siuves

In the distance I observed a lamp, it was lit and emitted a glow. There was no one close to her, no living soul to enjoy her kindness and there was no one around to bathe in the rays of light that the lamp threw on her. Well, she was an active lamp, gesticulating a lot, inviting all beings to delight in her generous offer, clarity. I watched her curiously, hidden in the darkness of the place where I, being able to see her, would not draw attention to me. Like a beacon shining in the dark night, she kept calling, waving, in useless seduction. Nobody came for her.
 
From a distance it was possible to see the lamp inviting, calling whoever was close, nor would it need to place itself under the glare, the lamp would feel fulfilled if it could illuminate any person, any living being, endowed with the sense of vision, it would be enough to be able to approach out of the darkness, that the lamp would feel that its existence would have been worthwhile. But no animal came to give him reason to be, neither rational nor irrational. There was no sound of life or movement, just the vast horizon with no one. Anyone who could look from a distant point on the horizon, would see it and could run away from the darkness.
 
The light did not speak to the blackness, they were always enemies and they always will be, and wherever there are children of light, the black veil of the abyss will be absent. And where darkness is reigning, the lamps will not give a glimpse of your graces. It is impossible for both to be in the same space ... and I, knowing this, did not want to approach the light or remain in darkness, I was hidden in the gloom, between the reach of clarity and the touch of absolute blackness. I stood still, completely immobile, feeling the rustle of copulation over the inert nature.
 
The solitary flicker of the lamp was sad, I watched it and did not approach. I had the urge to throw myself under the bright wisdom, under the comfort of the lighted place, but I waited for another being to venture to heed the invitation of the illuminating beam of protection and relief. The glow around him was enough to compare it to the sun itself, but without heat. It was just light, a source of illumination, a permanent state of glory. I remained distant, out of the absolute darkness, yet, far from the glowing fire, I did not want to expose all my defects under that radiance.  
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Lâmpada e Luz
Por Paulo Siuves 
 
Observei ao longe uma lâmpada, ela estava acesa e emitia fulgor. Não havia ninguém próximo a ela, nenhuma viva alma a desfrutar da sua bondosa claridade e não existia por perto quem se banhasse aos raios de luz que aquela lâmpada jogava ao léu. Bem que ela era uma lâmpada ativa, gesticulando muito, convidando a todos os seres para deleitarem da sua generosa oferta, claridade. Observei-a curioso, oculto na escuridão do lugar onde eu, podendo vê-la, não chamaria a atenção para mim. Como um farol brilhando na noite escura, ela continuou chamando, acenando, numa inútil sedução. Ninguém vinha para ela.

De longe era possível ver a lâmpada convidando, chamando quem quer que fosse para perto, nem precisaria colocar-se debaixo do clarão, a lâmpada se sentiria realizada se pudesse iluminar qualquer pessoa, qualquer ser vivo, dotado do sentido da visão, bastaria poder aproximar-se saindo da escuridão, que a lâmpada sentiria que sua existência teria valido a pena. Mas nenhum animal vinha dar-lhe razão de ser, nem racional nem irracional. Não havia som de vida e nem movimento, apenas o horizonte vasto sem ninguém. Qualquer um podendo olhar de um ponto distante no horizonte, a enxergaria e poderia vir fugindo das trevas.

A luz não conversava com o negrume, sempre foram inimigos e sempre serão, e em qualquer lugar em que houver filhos da luz, o véu negro do abismo se fará ausente. E onde a treva estiver reinando, as luminárias não darão o clarão das suas graças. Impossível estarem as duas coisas no mesmo espaço... e eu, sabendo disso, não queria me aproximar da luz, nem permanecer na escuridão, fiquei escondido na penumbra, entre o alcance da claridade e o toque da negrura absoluta. Fiquei parado, completamente imóvel, sentindo o farfalhar da cópula do dilúculo sobre a natureza inerte.

A cintilação solitária da lâmpada era triste, eu a observei e não me aproximei. Tive ímpetos de me jogar sob a sabedoria luzidia, sob o conforto do lugar iluminado, mas esperei por outro ser que se aventurasse a atender o convite do facho iluminador ofertante de proteção e de alívio. O resplendor em torno de si era o suficiente para compará-la ao próprio sol, porem sem calor. Era somente luz, fonte de lucilação, permanente estado de glória. Eu permaneci distante, fora das trevas absolutas, ainda assim, distante do reluzente lume, não queria expor sob aquela resplandecência, todas as minhas imperfeições, 

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