Postagens

Mostrando postagens de janeiro 4, 2023

Império da Tristeza

  É tão triste! O império da Tristeza já vai começar. Ninguém está a salvo em lugar algum, todos estarão sujeitos à tristeza e ela se abaterá sobre qualquer que respirar o ar das ruas das cidades onde governará o triste imperador. Sua esposa, emurchecida por ter sido negado a ela o direito de ser o contrário de triste, assistirá da sacada do seu Palácio de Tristal as pessoas sendo roubadas, torturadas, aviltadas, e toda sorte de poder que provoca a tristeza. As despesas com o básico serão triplicadas, os gastos com saúde estará fora do orçamento, aquele que ousar dizer que vive uma vida saudável deverá ser punido. Saúde é antônimo de tristeza e isso será proibido. Preparem-se todos para o legado de tristeza e lástima. Infelizes trabalhadores vão transitar pela cidade em carros pretos ou bondes lentos. Os ônibus serão proibidos, porque é possível conversar dentro de coletivos e ninguém pode ter alegres conversas em público. As crianças nascerão e vão chorar, precisam chorar para provar

Império do silêncio 

Silêncio. O silêncio reina. O império do barulho ruiu, a conversação chegou ao seu final, a frase é estéril e o texto ineficaz para reverberar a fala. A palavra está ausente e a única coisa que se faz ouvir é o silêncio. Silêncio nos jardins e nas escolas. O mercado inteiro em silêncio e as fábricas cessaram o seu frenético batido. As universidades só podem ensinar a arte do silêncio. Silêncio em todo canto, em toda casa, em cada esquina, em cada rua e avenida. Silêncio. O império do silêncio vai durar por mil anos e as crianças sonharão com cantigas de roda. Velhos e crianças sonharão com canções de ninar. O som será esquecido nas mentes dos jovens e a música será proibida, esquecida, mancebos castos marcharão em fila calçados de algodão por decreto do tirânico silêncio. Aparelhos de rádio e televisão estão confiscados, todos devem ser desligados e silenciados. Serão abolidos todos os instrumentos musicais, abominação é, todos deverão ser queimados, exterminados, foi decretado o exte

Império do Som

Não deixem parar o ruído, Provoquem uma sequência de estrondos, Não parem a zoada, não parem o estrépito, Provoquem estampidos, comecem um rumor, Ouçam! Que lindo fragor, participem dessa algazarra, Desse maldito escarcéu, dessa santa gritaria   Venha para o meio do alvoroço, Venha para a nossa balbúrdia, Tomem lugar nessa barulheira social, Façamos todos um infinito estardalhaço, Alcemos toda e descontrolada vozearia, É preciso manter a agitação nas ruas, Levantemos alaridos, zaragatas, Celebremos a revolta, louvemos o motim, Ergamos a rebelião, como sendo a revolução... Gritem por insurreição, Bramem por amotinação, Amotinamento organizado ou não. Promovam um levante, Estrondeiem a sublevação, Incitem à sedição, Carros sonoros, alto-falantes, Potências em ostentação, Volume para exibição, Espalhafatos de artifícios, tiros e bombas,   Alardes desconexos, Pavonada e confusão, Não parem a bagunça, Não parem a desordem, É linda a desarrumação, Uns, façam tumulto, outros, façam tropel...