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Mostrando postagens de abril 2, 2019

PADRE SÉRGIO – Por Paulo Siuves

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Tia Bêa havia chegado do interior recentemente e não abandonara alguns costumes, como frequentar a feira no sábado de manhã com o pretexto de encontrar melhores hortaliças, quando na verdade era algo meio que um acordo velado da confraria das fofoqueiras de plantão para trocar informações sob o sino da igreja. Aliás, esse era outro costume de tia Bêa, ir à missa todo domingo, as manhãs dominicais eram sagradas para ela. Agora descanse em paz ao lado do nosso Senhor tia Bêa, querida tia Beatriz de Castilho. Tia Bêa tinha ascendência portuguesa e tinha certo orgulho disso. Entender o latim das missas era uma imodesta glória da qual ela não se disfarçava. Vir para a capital mineira e descobrir que as missas estavam sendo realizadas em português, coitada, foi uma decepção desconcertante, mas nada que a fizesse desanimar de ouvir as missas todos os domingos, fizesse sol ou chuva. Certo dia, ela ouviu dizer que o padre Sérgio, pároco da cidade onde ela cresceu e construiu quase tod

Certeza Incerta

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Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fato real é mera coincidência. Maria do rosário era o nome da querida tia Zazá (que Deus a tenha em bom lugar), gente boa, muito divertida e querida por todos, sem demagogia. Dada a cometer gafes, tadinha, sem se arremedar dos burburinhos que causava onde quer que fosse. Dentro de ônibus? São incontáveis os percalços por que passou e nem sequer se deu conta da maioria deles. Mas um, e esse que vou relatar aos meus caros leitores, foi tão terrível que chegou a mim, décadas depois do ocorrido. Tia Zazá sempre foi muito falante, conversando com quem quer que estivesse ao seu lado, dando-lhe atenção ou não, muitas vezes ela proferia longínquos monólogos a dois, falava de receitas caseiras, dava pitacos em namoros de celebridades, apontava aquilo que julgava ser falhas na educação dos filhos de terceiros, enfim. dentro de ônibus era como se um medo incomum a dominasse. e isso lhe causava algum tipo de fobia que a fazia falar pe