PADRE SÉRGIO – Por Paulo Siuves
Tia Bêa havia chegado do interior recentemente e não abandonara alguns costumes, como frequentar a feira no sábado de manhã com o pretexto de encontrar melhores hortaliças, quando na verdade era algo meio que um acordo velado da confraria das fofoqueiras de plantão para trocar informações sob o sino da igreja. Aliás, esse era outro costume de tia Bêa, ir à missa todo domingo, as manhãs dominicais eram sagradas para ela. Agora descanse em paz ao lado do nosso Senhor tia Bêa, querida tia Beatriz de Castilho. Tia Bêa tinha ascendência portuguesa e tinha certo orgulho disso. Entender o latim das missas era uma imodesta glória da qual ela não se disfarçava. Vir para a capital mineira e descobrir que as missas estavam sendo realizadas em português, coitada, foi uma decepção desconcertante, mas nada que a fizesse desanimar de ouvir as missas todos os domingos, fizesse sol ou chuva. Certo dia, ela ouviu dizer que o padre Sérgio, pároco da cidade onde ela cresceu e construiu quase tod...