Arquivo queimado
Arquivo queimado
Começou cedo
uma carreira criminal, o carinha queria mesmo divertir-se a valer, festinhas
caras, garotas raras, intenso prazer.
Descolou com
amigos um trampo legal, afastava a imagem de um delinquente animal, sabia as
esquinas de fácil acesso, a erva leva a conhecer esse pequeno universo. Um sexo
promiscuo e chato fazia o tempo passar numa boa, amigos sumindo, sonhos
iludidos, parentes apontavam o fraco caráter.
O risco corria
para viajar numa boa, a dose mais cara forçava a barra, o assalto não demorou a
chegar, uma nove milímetros, proteção a guiar.
Conheceu a
barra fria, o pau-de-arara e o chorar. Envolveu-se ainda mais com a vida
secular. Do lado de dentro comandou operações, vendo o sol nascer quadrado
machucando os corações.
Conseguiu a
redução da sua pena, não sabia que ao sair ele sumiria de cena, na avenida a
luz maçante de muitos anos seguidos, sob escadas desce escadas com o pó branco
conseguidos. Mais ou menos onze e meia sua sentença já traçada, três amigos seu
chegados dividindo a palhaçada, viu na vida os seus sonhos estilhaçados. Ele
agora não passava de um arquivo queimado...
Por: Paulo Siuves
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