Luz da Judéia

Luz da Judéia                                Por: Paulo Siuves

Encontrei-te, doce filha de Davi, entre os fios que nos unem,
Noite adentro, oh, Ester do meu coração, vieste me iluminar.
Não me cobrais a indiferença, não mais, sou todo olhos para ti
Neste leito que improvisei e te amei, ao céu me fizeste ascender.

Ester, concede-me mais desses beijos balsâmicos para um coração
Ferido e desanimado do amor. Enche-me uma taça, mel oriental,
Adoce a minha existência e alumia essa ínfima vida,
Que eu te darei tudo o que posso dar antes do meu funeral.

Diva das minhas noites, estrela vésper do meu céu,
Mulher maravilhosa, filha de Davi, Ester dos meus sonhos,
Vendo-te aninhada em meus braços, sonho acordado.
Tendo-me dentro de ti, passeio nos céus onde habita Deus.

Não quero ser Deus, quero ser mortal, profano quero ser.
Ester, querida e amada Ester. É melhor ser um mero mortal
E poder provar todo dia, toda noite, do néctar oriental
Que tens guardado nessa tua fenda secreta do prazer

Filha d’Israel, não te demores a beijar-me e abraçar-me,
Pois sou criança sedenta de atenção, sou menino carente de amor!
Luz do céu da Judéia, desça sobre nosso leito romântico.
Luar de véu suave e prateado, abençoe esse gozo pecador.

Noiva de Sião, de pele morena, pêlos doirados e olhos lânguidos,
Deixa te amar com meu pequeno amor – esse é eterno.
Deixa eu, Ester querida, chamar-te pelo nome e te amar
Nessa cama improvisada, mas com carinho tenro.

Seja noite, eternamente, mas alumiada noite de um clarão celeste,
Haja gritos inexprimíveis, haja suor, mordiscadas, arranhões errantes.
Durma pela manhã e sonhes com nossa noite de aventuroso prazer
E volte pra mim, olhos castanhos, mostre-me esses olhos brilhantes.

Vem, minha Ester, sê o santuário onde descanso,
A chama que não cessa, o templo do meu fervor.
Que o tempo nos esqueça neste lençol de alabastro,
E que teu nome, em meu peito, arda como louvor.

Que esta noite não morra, que o desejo não cesse,
Que tua pele em minha pele seja pacto e oração.
E se o mundo adormecer, que eu desperte em teu corpo,
Com teus olhos castanhos selando minha paixão.

Paulo Siuves