Ou o Lote ou os Cães

          Eu nasci em Contagem, à época, uma cidade empoeirada e com muita fuligem da extinta fábrica de cimentos Itaú. Todas as casas eram visitadas cotidianamente por aquela fuligem. Foi ali que eu nasci... Ali mesmo, no quarto da minha tia Nilce, adorável tia, linda, de uma pele negra sem rugas até hoje, no alto dos meus quarenta anos.


          Minha mãe é a mais velha da turma, um grupo de nove irmãos, infelizmente, nem todos estão entre nós ainda, mas era uma família muito alegre e festeira, qualquer motivo era festa, nos casamentos então! Era festa pra uma semana, tipo famílias do interiorzão de Minas Gerais que mata boi e assa no buraco feito no chão. Peraí, sem exageros (risos) lá na casa da minha avó não tinha gado. Era uma casa simples, mas as festas eram "de arromba”, ainda porque meu tio fazia parte de uma banda de sete rapazes e quase todos eram da família, eram primos, tios, e alguns amigos muito chegados.

          Esse meu tio gostava muito de animais domésticos e tinha cães e gatos, se não me falha a memória, eram quatro cães e dois gatos. Passarinhos nas gaiolas, coelhos num canto do quintal, etc. e os cães eram as causas dos problemas de minha querida avó.

          Lembro-me, com certo calafrio, de um dos cães do meu tio, um dog alemão chamado Tarzan que pulava o muro com muita facilidade por causa do seu tamanho. Era um cão muito grande, e perto de mim, uma criança à época, um gigante.

          Certo era que os vizinhos ficavam incomodados com tamanha barulheira feito pelos cães de diversas raças. Tinha a Suzie, uma SRD amável e brincalhona. Tinha uma cachorrinha que ficava dentro de casa e tinha o latido mais agudo de todos... 

          O vizinho que mais se sentia incomodado com o barulho dos cães chamou meu tio numa certa noite de calor, deveria ser por volta de onze e meia da noite, e perguntou se ele queria comprar a casa dele. Muita conversa e explicações a cerca da casa, do lote, da construção de boa alvenaria, e muito mais coisas ditas. Até que meu tio mostrou-se constrangido e disse não à oferta da compra da tal casa. O vizinho não se deu por logrado e ofereceu então comprar os cães do meu tio.


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