A CANÇÃO DOS APAIXONADOS
A CANÇÃO DOS APAIXONADOS
Eu canto uma música
indecente
Um solo onde seu corpo
vibra.
Rufando tambores no peito,
arfando madrugadas adentro.
Plagio delírios
inexprimíveis,
recrio frases desconexas
especialmente para a sua
voz.
Gravo as notas, os acordes
perfeitos,
toco tríades consonantes
destoando do primeiro
compasso.
O ritmo muda devagar e
compassadamente
num crescendo
"pianíssimo".
Seu corpo é o meu
instrumento,
que prazer tocar,
deliciar-me,
equalizar-me nas suas
trilhas
numa frequência gravada no
inconsciente.
Cante essa canção só para
mim,
Seu canto é suave, sua voz
plangente,
eu me encanto com você.
Faça um solo com as
dissonantes encontradas pelo tempo,
e, a cada compasso, meu
corpo estremece.
O som ao redor nos envolve,
tudo é música de amar,
do rangido triunfal das
molas do colchão
ao descompasso do ritmo da
nossa respiração.
À cada batida meu corpo
estremece
e na sequência da escala bem
definida
executamos o "grand finale"
da melodia da vida, a canção
dos apaixonados.
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