Histórias de ônibus

Essa é uma obra de ficção.
Qualquer semelhança com fato real
é mera coincidência.

EU DISSE SORTE?

Dizem que tudo na vida é passageiro, menos o cobrador e o motorista, eu acrescento que algumas situações também não são passageiras, a vergonha faz as bochechas queimarem toda vez que a lembrança dessa situação vem, passe o tempo que passar.

Vivi situações que me fazem tremer por dentro ao relembrar, como o dia em que dormi em pé dentro do ônibus voltando de um dia intenso de trabalho; Como é desesperador acordar com as mãos em queda livre após se soltarem involuntariamente da barra de segurança do teto do ônibus momentos antes de dar uma cacetada na cabeça da pessoa sentada à frente. Claro que isso não aconteceria se o transporte público fosse assistido com mais atenção, pois em geral, minério é transportado com mais cuidado do que usuários do serviço de transporte coletivo de passageiros.

Dia desses, tive a sorte de vir sentado numa cadeira desses veículos automotores de traslado público comunitário. Estava eu placidamente sentado e parou uma mulher aparentemente grávida do meu lado. Barriga saliente e pontuda, olhei para os assentos preferenciais que estavam ocupados por pessoas com direito a esses lugares, e depois de avaliar algumas opções, decidi. Num ato cavalheiresco, olhei para ela e falei:

– Moça, pode sentar aqui no meu lugar!

Eu juro que ate tentei sorrir até ouvir o que ela falou em resposta:

– Mas, porque?

Nesse momento, senti minha face ficar vermelha e quente, isso é uma reação natural do corpo diante de estresse, como nervosismo, raiva ou... ‘vergonha’! Isso é o que chamamos de rubor facial. 

Eu pensei “caramba! Essa mulher não tá gravida?”

Respondi à ela me levantando para ceder lhe o assento:

– É que eu já vou descer”!

E, em ato continuo, puxei a campainha do “busão”, esperei pela parada, e olhei completamente descontente, mas sorrindo para a mulher sentada. O chauffeur, soberano do volante, abriu-me a porta e eu desci...

Oito paradas antes da minha.

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