A culpa é das estrelas “chatas”

     Você já leu ao livro “A CULPA É DAS ESTRELAS”? Um livro juvenil que fala sobre superação em momentos de crise, sobre força e determinação. Porém, pra começar tirando um sarro, fazendo uma caricatura grosseira, vou brincar com um enredo paralelo. A lição que tirei do livro é “melhor transar antes que se morra”. É verdade. Os jovens adolescentes são virgens, se conhecem, viajam em lua de mel, com a desculpa de ir atrás de um autor, voltam para casa e um dos dois morre (me perdoem o spoiler, mas o livro já até virou filme de Hollywood). Está bem, a história do livro não é assim tão “uai”, mas é um possível enredo, tipo o livro da Clarice Lispector, quase homônimo ao livro de John Green. “A Hora da Estrela” tem 12 possíveis nomes, talvez “A Culpa É Das Estrelas” também tenha tantos possíveis enredos quanto o “A Hora Da Estrela” tem possíveis nomes.

     A história do livro é a seguinte; Hazel Grace Lancaster e Augustus Waters são dois adolescentes que se conhecem em um grupo de apoio para pacientes com câncer. Por causa da doença, a moça sempre descartou a ideia de se envolver amorosamente, mas acaba cedendo ao se apaixonar por Augustus. Juntos, eles viajam dos Estados Unidos para Amsterdã, onde embarcam em uma aventura em busca de um autor específico. Hazel tem 16 anos e Augustus, que recebe o apelido de Gus no livro, é um jovem de 17 anos. Pois é, eu deixei de ser virgem aos dezenove anos, tardiamente para os padrões daqueles meus anos juvenis. Mas, isso não é importante. Na trama, os jovens se conhecem e iniciam uma amizade graças a um gosto em comum: o livro fictício que Hazel lê repetidas vezes sob o título “Uma Aflição Imperial”, do autor também fictício Peter Van Houten, que some sem deixar informações do seu paradeiro. O livro termina inexplicavelmente no meio de uma frase; mais uma semelhança com o enredo de Clarice que termina com uma frase tão estranha quanto ela quis que fosse: “Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos”. O que isso tem a ver com todo o livro, pelo amor de Deus?

     Estou lendo um livro, porém esse é real e eu indico veementemente a leitura, chamado “Pucadiquê?”, do autor Luca Creido (ou Jucicreido, como queiram), um jovem que teve a felicidade de nascer em Ribeirão das Neves, no interior de Minas Gerais. O rapaz é meio esquisito, isso é, tem duas graduações pela federal; primeiro em direito e depois em letras (e eu sofrendo para ter uma graduação) e é delegado de polícia, todo esquisito (rindo alto enquanto escrevo, sarcasticamente), mas é meu amigo e eu adoro bater papo com ele. Então fico com dó da Hazel e do Gus. Eles tiveram que viajar para conhecer o autor do livro “Uma Aflição Imperial”, um velho rabugento, bêbado e cheio de manias estranhas, mas um livro fictício chamado de UAI pelos fãs de “A Culpa É Das Estrelas” não poderia ser outra coisa senão algo meio “uai”, não é mesmo, uai? Você sabe o que é uai?

     Eu leio uma crônica do livro Pucadiquê e envio mensagem para o Luca “rachando os bicos” e ele me responde, coitado. Depois que ele ler esta minha crônica, vai perguntar pra Deus, porque que eu não moro do outro lado do oceano também. Se ele morasse na Europa, eu teria de arranjar uma companhia para viajar, e ir encontrá-lo depois que conseguisse cumprir uma série de exigências sem fundamento algum que ele inventaria, só pra curtir a sua hora de estrela. Mas se fosse pra eu ir em lua de mel, viajaria com o maior prazer, e não iria colocar a culpa nas estrelas…

Por Paulo Siuves


Publicado no Jornal Clarin Brasil em 22/12/2019

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