A MENINA E OS CADERNOS
É fim de tarde de primavera e há música no ar, o sol brilha radiante, os raios entram pela janela iluminando a menina sobre a cama, ela está entregue aos seus pensamentos.
Caneta na mão, caderno aberto, e mais um pequeno poema nasce escorrendo pelas linhas encantadas da sua imaginação.
Sonho de estar no alto da Torre, não naquele castelo, aprisionada, esperando um príncipe e seu belo alazão libertarem-na de seu terrível destino, mas atrás de uma mesa coordenando seu destino, fabricando desilusões compartilhadas apenas com as páginas que antes eram somente um amontoado de linhas escuras sobre o branco, como as nuvens.
As nuvens seguem formando suas figuras, vigiadas pela janela. Ela sabe que são formas breves e que, sob o vento, suas figuras se desfazem e outra nuvem vem se transfigurar para logo desmanchar como um punhado de algodão doce no tempo de o saborear. Sabores e perfumes grudam na memória e são lembrados em seus poemas, compartilhando cada reminiscência somente com seu caderno. E as horas passam. Dias e meses.
Seus cadernos guardam suas histórias, suas conversas diárias com poemas e revelações guardadas a sete chaves.
De repente: moça! Cadernos guardados no armário do seu quarto.
No cantinho esquecido ficaram páginas repletas de confidências, e ela não tem mais tempo para ver as nuvens passarem pela janela do seu quarto, enquanto observa deitada na sua cama, com seu caderno aberto e uma caneta entre os dedos.
“- Ainda te espero aqui, amiga. As tardes poderão ser nossas, assim que você quiser”.
Mas, ela tem outros sonhos, outras prioridades. *- Minha querida menina crescida”.
Sonhos no armário, poemas esquecidos, menina crescida, confusão. Vamos lá.
As horas passam. No mundo, tudo muda, que mundão!
“- A vida é muito complicada, não há tempo para ficar sonhando e escrevendo poemas. Mas, a primavera faz lembrar do diário escrito nos cadernos, guardados, contendo lembranças, sonhos de menina, poesia pueril.” Essas mulheres tão meninas...”.
Por Paulo Siuves
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