Eu Sou Morador De Mim
Eu sou morador de mim.
Moro aqui dentro e sou meu vizinho, boa vizinhança, mas não sempre. Moro em
vários quartos dentro de mim, sou um edifício e tenho vários condôminos, todos
sou eu, somente eu, multifacetado, andromacerado. Eu sou meu vizinho e tenho a
mim por vizinho à esquerda, o vizinho de frente sou eu e moro na casa dos
fundos, do outro lado do muro, intransponível. Estou chamando a vizinhança para
conversar e acertar alguns problemas que andam incomodando a mim.
Tenho
um vizinho que não dorme à noite, cisma de filosofar... e outro que não gosta
de trabalhar. Sinto saudades daquele cara que gostava de malhar, de correr, um
esportista amador, mas esportista. Havia um rapaz que fumava, faz dez anos que
ele morreu, desocupou seu quarto. Ainda sou o morador mais apaixonado e sinto
falta da sua paixão, bebê.
Eu
repreendi severamente aquela pessoa que te magoou e te fez chorar, aquilo não
vai se repetir. Meu morador mais antigo sou eu e preciso colocar ordem nesse
condomínio, retomar as boas práticas e deixar mais à vontade o eu que ama; eu
que amo a Deus; eu que amo você, eu que amo a mim mesmo, eu que me
respeito.
Sou
moleque e gosto de brincar, de ficar ao léu sem tomar conhecimento de que o
amanhã vai chegar, mas sou homem, um velho rabugento que acredita no presente,
o melhor presente é o futuro. Meu futuro é ao seu lado, para sempre. Sou o
homem que ama seus beijos, mas sou o homem que adora ficar conversando sobre os
assuntos que você iniciar. Eu moro aqui, mas entre seus braços é onde eu quero
ficar, você é o meu lar.
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